Este mês de abril teve espaço para me desequilibrar na totalidade. A primavera parece que nunca vem e os dias continuam sem certeza nada. Abril acabou com um apagão total num dos últimos dias que me fez a mim e às pessoas do meu bairro olhar-mo-nos todos nos olhos e conversarmos. E foi estranho e bom e uma festa e tudo ao mesmo tempo. E depois voltou tudo ao normal.
Eu sinto que sou um saco cheio que foi furado e está a verter por todos os lados. Não me consigo segurar (e manter o controlo). Tenho-me sentido completamente inadequada em todas as esferas da minha vida.
Durante a marcha do dia 25 e nos dias anteriores senti-me a dissociar. A páscoa fez abanar coisas dentro de mim. Sou feita de pólvora e tudo é um fósforo. Sinto-me a fervilhar e a arder e a queimar. Talvez não tivesse tempo para sentir quase nada quando estava inerte e apática a trabalhar no meu trabalhinho de escritório.
Tenho um disco para fazer, um plano por cumprir, aulas para ir, trabalhos por fazer. E de repente não consigo fazer nada. O trabalho deixava-me em piloto automático na gestão de todas as emoções. Agora, sem ele, tenho de voltar a aprender o que é estar sem esta muleta de apatia.
Durante anos fui a Catarina que trabalhava no call center/escritório e fazia música. Música de paixão, apoio ao cliente profissão. Agora sou o quê? Já deixei de ser tanta coisa, que agora não consigo ser nada para mim sequer. As pessoas dizem que eu continuo a ter graça mas eu sinto-me um palhaço triste. Não fazia ideia da base estrutural de identidade que este trabalho corporativo, que nada me dizia, me estava a dar. Agora o que é que eu faço? Sem a muleta da apatia?
Durante este mês fechei e fiz upload dos master das 3 canções que quero lançar e que já tinha falado em newsletter anteriores. Saem dia 9 deste mês (sexta-feira da semana que vem). Mesmo a tempo dos concertos que marquei para este mês.
A capa:
Combina com o lado mais fantasmagórico destas canções assombradas. E o cinzento carregado remete-me à poeira toda que acumulei na minha cabeça desde o Vida Plena, passando pelo EP do ano passado, e chegando aqui.
Deixo aqui o pré-save das novas canções. Estou a sentir-me nervosa com este lançamento, é um lado novo e espero que continue a fazer sentido. Talvez essa seja uma das razões para ter feito “pouca promoção” deste lançamento.
Relembro as datas, com uma ligeira alteração e novidade:
Dia 2 (amanhã!!) como convidada da Inóspita no seu concerto na Casa do Comum, em Lisboa.
Dia 10 foi cancelado, no Cine Turim. Fica para uma próxima!
Dia 17 no Festival Alecrim, no Moinho da Juventude da Cova da Moura.
Dia 25 no Donau no Porto.
Dia 31 na Sala 6 no Barreiro.
Depois destes concertos vou mergulhar em grande profundidade e acabar o resto do disco. Falta-me acabar uma letra (e rever as outras todas antes de gravar). Quero começar a gravar coisas finais para as canções que já tenho fechadas há mais ou menos tempo.
Maio vai ser o mês para o palco, o resto dos meses vão ser em estúdio. Mas não vou deixar de escrever aqui.
Ah! As t-shirt’s já acabaram ( obrigada :’) ) mas tenho saquitos ainda disponíveis! Estes:
Mandem mensagem para adquirirem o vosso, ou comprem amanhã na Bandcamp Friday (dia em que as vendas na plataforma revertem 100% para o artista!).
Vemo-nos aqui em Junho!
Muito amor para ti. ❤️🩹❤️ Mal posso esperar por essas canções.
Agora és a Catarina que faz música e que vai sentir as suas emoções mais profundas e deixar fluir até as mais difíceis e assustadoras. Vais ver que é bom sentir e a apatia é que é o bicho aterrador e mau. Vai passar prometo. Sente tudo é normal! Beijinho x